O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quarta-feira que recebeu de forma positiva a escolha de Gustavo Pimenta para presidir a mineradora Vale (VALE3). Crítico de Eduardo Bartolomeo, o ministro disse, a jornalistas, que “estava muito ansioso [por esta decisão] porque a Vale estava acéfala”.
Desde o início do ano, o governo vinha sendo criticado em razão dos rumores sobre tentativas de intervir na escolha do novo presidente da mineradora brasileira. Chegou-se a aventar a defesa do nome de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda.
Para Silveira, a escolha de Pimenta, que atuava como vice-presidente-executivo de Finanças e Relações da companhia, demonstra que a decisão foi tomada de maneira independente.
“A escolha do seu CFO para dirigi-la demonstra de forma inequívoca a transparência, a lealdade do Brasil voltar a dialogar”, disse, ao chegar para a abertura do “Diálogo G20 – Transições Energéticas”.
“Isso demonstra o que nós do governo do presidente Lula pensamos”, disse o ministro, rejeitando a ideia de que houve tentativa de intervir na decisão empresarial. E defendendo que a “empresa resolveu [a escolha do CEO] dentro da sua governança”.
‘Vale é estratégica para o Brasil’
O ministro reafirmou sua posição crítica ao modelo de corporation, que a empresa tem o seu capital pulverizado na bolsa. Mas reconhece que é necessário “conviver com o status quo, com a realidade”, de que tanto a Vale quanto a Eletrobras “são empresas com essa natureza”.
“Cabe ao ministro de Minas e Energia do Brasil conviver com elas dentro do mais profundo respeito à governança”, ressaltou o titular da Pasta de Minas e Energia.
Silveira, que é político de Minas Gerais, lembrou que uma das expectativas com a mudança de comando na Vale está relacionada à reparação das tragédias relacionadas ao rompimento das barragens de rejeito de mineração nas cidades mineiras de Marina e Brumadinho.
“Espero que o atual presidente, por ser mineiro, tenha a sensibilidade humana para entender as necessidades de solucionar o acordo de Mariana”, afirmou
O ministro disse que espera que Pimenta “tenha sensibilidade de entender que a Vale é uma empresa que tem a sua transversalidade internacional”, e que os brasileiros a tem como “referência no setor mineral no Brasil e, portanto, ela tem obrigações sociais muito relevantes com a nação brasileira”.
“Seremos, o tempo todo, rigorosos na cobrança dos interesses do povo brasileiro em relação ao setor mineral”, reforçou Silveira.
Na visão do ministro, mineração “é setor estratégico para o Brasil” e que “não há de se fazer transição energética sem se falar nos minerais críticos”. “A Vale é grande detentora dos direitos [de exploração] de nióbio, níquel, cobre”, disse. “O que queremos do setor mineral do Brasil é que ele seja seguro, para que não ocorra o que houve em Marina e Brumadinho, e seja sustentável”, acrescentou.
Sobre a expectativa do governo de aumento de investimento no setor de siderurgia, Silveira disse que é “realista”, pois sabe que “mais de 90% do minério extraído no Brasil vai para Omã ou Golfo do México para sua primeira fase de industrialização, a ‘briquetização’”, porque o gás natural do Brasil, usado nesse processo, não tem preço “competitivo”.
“Não podemos também exigir de uma empresa que ela faça no Brasil aquilo que não tem viabilidade econômica”, admitiu Silveira. “Não temos visão estadista, temos visão desenvolvimentista”.
Com informações do Valor Econômico