A ação mais pesada da bolsa de valores acelerou as perdas nesta semana que passou, ajudando a puxar para baixo o Ibovespa, que volta aos patamar de 131 mil pontos. A Vale (VALE3) acompanhou a queda do preço do minério de ferro no mercado internacional, caiu 1,97% na semana e aumentou o prejuízo no ano para queda de 20,01%.
Além disso, algumas revisões nas projeções para a companhia puxaram o valor dos ativos para baixo.
As ações da Vale caíram após o corte do preço-alvo promovido pelo Bradesco BBI na semana passada. O banco reduziu sua projeção de R$ 78 para R$ 77. Ainda assim, o potencial de alta para os papéis é de 32,2%. Nesse sentido, a recomendação do Bradesco BBI ainda é de compra.
Queda nas projeções para o minério de ferro
O banco também reduziu sua projeção para o preço do minério de ferro. Desta vez, o corte foi mais sensível, de US$ 110 para US$ 105 por tonelada no ano que vem. Assim, as ações da Vale e de outras empresas do setor de mineração e siderurgia no Brasil devem ser negativamente impactadas.
Ainda assim, as ações da Vale seguem com preço atrativo, em 3,7 vezes o Ebitda. Portanto, a VALE3 segue descontada mesmo com a perspectiva de leve queda dos lucros para 2025.
Dividendos da Vale (VALE3)
A visão positiva de parte do mercado para a Vale está bastante relacionada ao pagamento de dividendos.
A mineradora está atrás apenas da Petrobras no pagamento desses proventos. Enquanto a petroleira registra mais de 20% de dividend yield, a Vale vem logo atrás. O DY da Vale está em quase em 14%.
“A empresa não vai ter um grande ganho de capital. Porém, na parte de dividendos, vai fazer uma posição importante da carteira”. A análise é de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Crise do minério pode fazer VALE3 perder relevância?
Em entrevista à Inteligência Financeira em junho deste ano, o então CFO da Vale e hoje CEO, Gustavo Pimenta, disse confiar no crescimento de novas demandas da China por minério de ferro. Essa demanda estaria vindo de setores de maior valor agregado, como o de acabamento, tecnologia e automóveis.
Além disso, a demanda também seria compensada pelo crescimento de mercados emergentes. Pimenta destacou Índia, sudeste asiático e Oriente Médio como compradores potenciais.
Gustavo Cruz, da RB, diz não enxergar a Vale perdendo relevância e espera que Pimenta esteja certo sobre as novas demandas. Contudo, o estrategista diz que não espera recuperação vigorosa para o minério, ao menos, por enquanto.
“As commodities metálicas não vão ter desempenho tão bom assim. As de alimentos parece que voltam (a patamares mais altos), mas as metálicas devem seguir em desaquecimento”, pondera Cruz.
Minério abaixo de R$ 100
“A Vale deve seguir com um nível de produção bom”, diz Ilan Arbetman, analista de ações da Ativa. Assim, ele destaca que o componente para se prestar atenção daqui em diante é principalmente o preço. Hoje, o breakeaven da Vale (VALE3) está perto dos US$ 70 dólares.
Assim, “mesmo que o preço se aproxime de US$ 90, não é um minério impeditivo”, avalia Arbetman. “A companhia vai seguir gerando caixa”, complementa.
Nesse sentido, a Ativa não vê uma virada da Vale ainda em 2024 ou mesmo em 2025. A corretora tem um preço-alo de R$ 75, com recomendação neutra.