Em tom de despedida, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (30) que enxerga um prêmio alto demais para a curva de juros de curto prazo.
Os papeis que negociam juros prefixados têm prêmio perto de 12% tanto no site do Tesouro Direto (com vencimento em 2027), quanto no mercado secundário, em títulos com papeis com vencimentos de 2025 a 2027.
“Tem um prêmio na parte da curva (de juros) de curto prazo que não é compatível com a mensagem do BC, na ata (do Copom)”, afirmou o presidente da autarquia. Ele participou de evento organizado pela XP na zona sul da cidade de São Paulo.
Movimento na renda fixa de curto prazo
Imediatamente após a sua declaração, o mercado secundário passou a reprecificar os papeis de renda fixa. Os operadores, assim, repercutiam a fala de Campos Neto sobre a curva de juros de curto prazo. E também uma outra: “caso exista necessidade de um ciclo de aperto monetário (aumento de juros), ele será gradual”, afirmou.
A mensagem reduz as apostas de uma alta de 0,50 ponto porcentual (p.p.) na Selic na próxima reunião do Copom, em setembro. A expectativa, assim, passar a ser majoritariamente de alta de 0,25 p.p.
Juros de curto prazo caem
Perto das 12h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caía de quase 11%, do ajuste anterior, para 10,95%. O site do Tesouro Direto suspendeu a negociação dos títulos prefixados de curto prazo, que estava na casa de 11,78% para o vencimento em 2027.
Transição no Banco Central
Saudado pelo economista-chefe da XP, Caio Megale, que disse que se aproximava o momento do fim de seu mandato à frente do BC, Campos Neto ressaltou a “transição suave” do comando. “Sou aquele avião que está pousando”, disse. “Eu vivi os anos mais felizes da minha vida”.
Assim, ele não fez menção ao nome de Gabriel Galípolo, indicado pelo governo para assumir a liderança da autarquia. Mas, em seu discurso, comentou que credibilidade é algo que se conquista. “A credibilidade é conquistada, assim, ao longo de todo o processo”, destacou.
Em reportagem recente com operadores do mercado, a Inteligência Financeira mostrou que os gestores de fundos bilionários optaram por dar, neste momento, o benefício da dúvida ao economista Gabriel Galípolo.