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Em uma semana, três grandes grupos de origem francesa se comprometeram com investimentos bilionários no setor de infraestrutura do Brasil. No domingo (22), a empresa de navegação CMA CGM anunciou a compra da operadora portuária Santos Brasil, em uma operação de R$ 13,2 bilhões, considerando o preço de R$ 15,30 por ação anunciado — valor que ainda pode sofrer variações até o fechamento do negócio.

O grupo comprou a fatia de cerca de 48% do Opportunity na empresa, mas o acordo pressupõe uma oferta pública de aquisição das ações remanescentes pelo mesmo preço.

A companhia, que tem atuação global por meio de linhas de navegação e terminais portuários, é controlada pela família Saadé, cujo veículo Merit France SAS detém 73% da empresa. Os demais sócios são a companhia turca Yildirim Holding (com 24%) e o banco de investimento público francês Bpifrance (3%).

A CMA CGM já tem atuação no Brasil, dado que opera linhas de navegação de longo curso e também por meio da Mercosul Line, negócio de cabotagem e soluções logísticas do grupo. A compra da Santos Brasil significa maior verticalização da operação da empresa no Brasil, dado que a armadora passará também a controlar terminais portuários no país — estratégia que tem sido adotada por outros grupos de navegação.

Leilão da “Rota dos Cristais”

Na quinta (26), outra grande companhia francesa ampliou sua participação no mercado brasileiro, a Vinci. O grupo venceu o leilão da concessão rodoviária da chamada “Rota dos Cristais”, para operar a BR-040 entre Cristalina (GO) e Belo Horizonte, se comprometendo com investimentos de R$ 6,5 bilhões.

No Brasil, a empresa investe em concessões de infraestrutura desde 2017, quando conquistou a operação do aeroporto de Salvador. Em 2021, a Vinci também arrematou a concessão de mais sete aeroportos na região Norte do país.

Em 2022, a companhia também fez sua estreia no mercado de rodovias, ao adquirir o controle da Entrevias, concessão rodoviária do governo de São Paulo. Na operação, o Pátria vendeu 55% do negócio e continuou como minoritário.

Apesar de já ter presença no país, a participação da Vinci no leilão de uma concessão rodoviária foi algo inédito, o que chamou a atenção do mercado. “A entrada da Vinci (sim, eles já estavam aqui, mas agora também estão vencendo leilões) pode sinalizar apetite do grupo para crescer no Brasil, representando risco competitivo para CCR e Ecorodovias”, afirmaram os analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, em relatório do BTG Pactual.

Leilão de linhas de transmissão

Para fechar a “semana dos franceses”, na sexta-feira (27), a Engie foi a grande vencedora do leilão de linhas de transmissão. A licitação foi relativamente pequena em comparação às últimas do segmento — apenas três lotes, sendo dois deles pequenos.

O principal contrato ficou com a companhia francesa, o Lote 1, que inclui a construção de 780 quilômetros de linhas passando por Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, e investimentos da ordem de R$ 3 bilhões.

A Engie já tem atuação ampla no Brasil — principalmente no segmento de geração elétrica e também em distribuição de gás, por meio da Transportadora Associada de Gás (TAG) — e as ações da subsidiária brasileira são negociadas na B3.

Segundo o presidente da empresa no Brasil, Eduardo Sattamini, há um plano de ampliar a atuação em linhas de transmissão, como forma de diversificar o portfólio no país. O investimento de sexta deverá ser financiado com o próprio balanço da companhia local.

*Com informações do Valor Econômico

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