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O ciclo de aumento da Selic que começou em setembro deve ter impactos distintos sobre a lucratividade das empresas listadas na B3 em 2025. Porém com mais força nos segmentos de transportes, educação, serviços públicos e agronegócio.

Essa é a conclusão do time de estratégia de ações do Itaú BBA em relatório divulgado nesta segunda-feira (7).

Segundo Daniel Gewehr, Matheus Marques e Victor Cunha, que assinam o documento, no conjunto a queda no lucro será de apenas 1,2%.

O impacto se daria sobretudo pelo aumento do serviço da dívida das empresas.

Consequentemente, tomaria parte dos recursos que inicialmente deveria ir para investimentos ou remunerar os acionistas.

Isso, tomando como referência uma taxa básica de juros média de 12% ao ano.

Atualmente, a Selic está em 10,75% anuais, mas o BBA estima que ela chegará a 12% até janeiro próximo.

De todo modo, os profissionais entenderam que isso não é suficiente para reduzir a recomendação das ações de nenhum setor ou empresa.

“Isso não é relevante em nossa visão”, assinalaram no relatório.

Setores mais atingidos pela alta da Selic

Para Gewehr e equipe, os setores de transportes (-8,3%), educação (-7,1%), serviços públicos (-3,5%) e agronegócio (-3,4%) são aqueles cujos lucros devem ter os maiores impactos da Selic mais alta

Na ponta oposta, os segmentos mais imunes ao aumento da taxa são os de aço e mineração, celulose e papel e bens de capital.

Isso porque, tanto em receitas quanto em dívidas, esses setores dependem mais do mercado internacional.

Fonte: Itaú BBA

Outro exercício feito pelos estrategistas foi o da sensibilidade média no nível de endividamento das empresas do Ibovespa, também considerando a Selic a 12%.

Pelas contas do BBA, o nível de alavancagem do índice, medida pela relação entre dívida líquida/Ebitda, subirá de 1,5 vez para 1,7 vez.

“Isso ainda está longe dos picos de 2015”, afirmaram os autores. Eles lembraram que em 2015 esse índice chegou a 4,9 vezes.

Em termos de avaliação do preço justo das ações, os setores de transportes, consumo e varejo (exceto Mercado Livre) e shoppings tendem a ter mais impacto negativo com a alta da taxa básica.

Contudo, o banco não apresentou uma reavaliação de preço-alvo para nenhum papel ou setor.

Neste cenário, os segmentos que o Itaú BBA vê como ações mais defensivas num ambiente de juros mais altos são: bancos, construtoras, petróleo e gás, serviços públicos e shoppings.

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