Reeleito como prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) afirmou hoje que em dezembro vai avaliar um eventual aumento da tarifa de ônibus e disse que fará mudanças no secretariado.
O prefeito voltou a vincular sua vitória à atuação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além de projetar o nome do aliado para a disputa presidencial de 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continue inelegível.
O prefeito concedeu hoje uma série de entrevistas à imprensa e foi ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, a cerca de 180 quilômetros da capital, para agradecer por sua vitória nas urnas contra o deputado federal Guilherme Boulos (Psol).
Nunes recebeu 59,35% dos votos e Boulos, 40,65%, uma diferença de quase vinte pontos e de mais de um milhão de votos.
Ida à Aparecida de helicóptero
O prefeito foi de helicóptero ao santuário e os gastos foram pago por Nunes, segundo a prefeitura.
Ao falar com a imprensa no local, disse que deixará para dezembro a mudança no seu secretariado, para acomodar os interesses dos partidos aliados.
O prefeito foi eleito com uma coligação de onze partidos (MDB, PL, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRB, Mobiliza e União Brasil).
Além de receber o apoio do Novo, PSDB e Cidadania no segundo turno.
Agora, terá de administrar a cobrança por mais espaço na gestão, inclusive de bolsonaristas, aliados do vice, coronel Mello Araújo (PL).
Ricardo Nunes disse ter criado um grupo, comandado pelo secretário Edson Aparecido, para coordenar a distribuição de cargos na futura gestão. O prefeito, no entanto, ponderou que não pretende fazer muitas mudanças.
Sinalizou possível alta da tarifa de ônibus
Questionado se pretende aumentar a tarifa do ônibus, atualmente em R$ 4,40, o prefeito não descartou e disse que também em dezembro discutirá o tema.
O prefeito afirmou que fará uma análise do custo do diesel, do dissídio dos funcionários, e verá a “expectativa de receita e despesa” para decidir se reajustará o valor.
“Meu desejo é manter, mas preciso ter a responsabilidade como gestor de manter o equilíbrio e não tirar de outra área”.
“Em dezembro, havendo a possibilidade, minha vontade é manter. Se por acaso não tiver possibilidade, vou explicar para a sociedade”, disse, sobre um eventual reajuste da tarifa.
Apoio à candidatura de Tarcísio ao Planalto em 2026
Em entrevistas à BandNews e à CNN, Ricardo Nunes projetou Tarcísio para a disputa presidencial em 2026.
“A gente ganha essa eleição devendo muito a Tarcísio”, disse o prefeito reeleito à BandNews.
“Tarcísio se projeta como grande vitorioso participando da eleição da maior cidade do Brasil”.
O prefeito questionou o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou Bolsonaro inelegível até 2030 por abuso do poder enquanto estava na Presidência.
“Não faz muito sentido o que definiu a sua inelegibilidade”, disse.
No caso de o ex-presidente não conseguir reverter sua inelegibilidade, Nunes afirmou que “Tarcísio é o grande nome [para 2026]”.
Pouca participação de Bolsonaro
O prefeito afirmou que Bolsonaro “teve pouca participação” em sua campanha, porque estava militando em outras cidades.
No entanto, ressaltou o papel que Tarcísio teve no dia a dia da disputa em São Paulo.
Nunes relatou que não recebeu nenhum telefonema de Bolsonaro, apenas mensagem pelo WhatsApp do ex-presidente e da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL).
Negou chance de tentar ser governador de SP
Questionado se pretende candidatar-se ao governo do Estado em 2026, se Tarcísio for candidato à Presidência, negou.
“Zero, em hipótese alguma”, disse, reiterando, em seguida, que apoiará o lançamento do governador à disputa presidencial.
“Se por acaso Bolsonaro não for candidato, ter Tarcísio candidato a presidente, eu vou apoiar porque tenho certeza absoluta de que vai ser muito bom para o Brasil, muito bom para São Paulo”, afirmou, à BandNews.
À CNN, disse que Tarcísio não é seu padrinho político, mas sim seu aliado, e voltou a falar que “se permanecer inelegível, Tarcísio é o grande nome” para a disputa presidencial de 2026.
“Seja candidato à reeleição ou à Presidência, pode contar comigo.”
Desde ontem, o prefeito tem evitado falar sobre a declaração dada pelo governador do Estado sobre um suposto “salve” do PCC para orientar o voto em Guilherme Boulos.
O prefeito tem desconversado, com receio de desgaste político. “Eu não falo em nome do governador”, disse.
Com informações do Valor Econômico