A PetroReconcavo (RECV3) registrou lucro líquido de R$ 136,18 milhões no segundo trimestre de 2024, o que corresponde a uma queda de 23% em relação a igual período em 2023, quando lucrou R$ 177,64 milhões.

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A receita líquida da petroleira subiu 26% no trimestre encerrado em junho, para R$ 826,25 milhões, frente ao apurado um ano antes.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da companhia chegou a R$ 447,31 milhões no segundo trimestre, aumentando em 40% o montante verificado no período abril-junho de 2023.

De acordo com o diretor financeiro e de relação com investidores da petroleira, Rafael Cunha, o aumento de 4% da produção de petróleo e gás, frente ao segundo trimestre do ano passado, a cotação mais elevada do dólar em relação ao real e o maior preço do barril do tipo Brent no mercado extrerno influíram nos números, especialmente na receita líquida e no Ebitda, que foram recordes.

Cunha, em entrevista ao Valor, destacou que a empresa passou a sofrer menos impactos negativos de “hedge” do petróleo, com o fim de contratos firmados na época da pandemia, a preços mais baixos, melhorando os números.

Até o quarto trimestre de 2023, afirmou, a empresa vinha crescendo fortemente em ativos, com expansão da frota de sondas e adição de novos campos ao seu portfólio. Com isso, o fluxo de caixa operacional ficou maior.

Desde o primeiro trimestre deste ano, porém, a empresa passou a ter mais fluxo de caixa livre, o que permitiu aumento da remuneração aos acionistas. A companhia realizou pagamento de R$ 427 milhões em dividendos e juros sobre o capital próprio no segundo trimestre.

Isso garantiu um “dividend yield”, rendimento gerado por uma ação por pagamento de dividendos, de 7%. “Se o segundo semestre for tão bom quanto o primeiro, é possível projetar um ‘yield’ de dois dígitos”, avalia.

A empresa teve ainda redução de custos financeiros, com emissão de R$ 1,13 bilhão em debêntures, a um custo médio dolarizado de 7% ao ano e prazo aproximado de cinco anos.

A produção da PetroReconcavo no trimestre foi de, em média, 26,3 mil barris de óleo equivalente (boe/dia), aumento de 5% na comparação com a apresentada no primeiro trimestre.

Cunha ressaltou que a produção de petróleo dos campos na Bahia é vendida para a Petrobras, enquanto a do Rio Grande do Norte segue para a 3R Petroleum.

Já a produção de gás natural está majoritariamente contratada com distribuidoras do Nordeste. Ele ressaltou que o gás natural hoje corresponde a 40% da produção e da receita da PetroReconcavo.

Nesse aspecto, o diretor financeiro contou que ainda há um espaço de até dois anos até que a unidade de processamento de gás natural UPGN Guamaré, da 3R, atinja o limite de produção. Em julho, as duas petroleiras firmaram memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês), para estudar custos e viabilidade de investimentos na ampliação do processamento de gás, por um prazo de dois meses.

Cunha explicou que Guamaré (RN) é uma unidade com três UPGNs, sendo que apenas uma, com capacidade de processar 1,4 milhão de metros cúbicos por dia, está ativa. Uma unidade está hibernada e outra parada à espera de modernização e melhorias.

Na Bahia, a 3R possui uma UPGN com capacidade de processamento próxima do limite. Em paralelo ao MoU, no fim de julho foi concluída fusão entre Enauta e 3R, o que abre espaço para que a empresa se volte para as avaliações.

Em junho, a PetroReconcavo obteve autorização para iniciar operação comercial da unidade de tratamento de gás natural São Roque, na Bahia, com capacidade de processar até 400 mil metros cúbicos por dia de gás. O executivo contou que a unidade permitirá entrega direta de gás canalizado para a Bahiagás, sem precisar acessar gasodutos, o que reduz custos com transporte.

A empresa também iniciou a primeira perfuração de campo terrestre (“onshore”) com a sonda PR-14, capaz de perfurar poços de até 5 mil metros de profundidade. Nesse aspecto, Cunha salientou que a sonda abre espaço para uso de novas tecnologias “onshore”, que não estavam disponíveis no país. A empresa tem equipamentos em sua frota com capacidade de perfurar poços terrestres de até 2.500 metros.

Cunha contou ainda que a PetroReconcavo concluiu projeto de escoamento alternativo de 100% da produção de petróleo no Rio Grande do Norte por carretas. A iniciativa já era adotada pela petroleira, mas atendia a 30% da produção. Porém, após parada para manutenção e reparos na refinaria Clara Camarão, da 3R, no ano passado, a empresa apostou na solução rodoviária em caso de emergência.

Com informações do Valor Econômico

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