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As ações de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4) estão no holofote do investidor estrangeiro e doméstico depois do voo curto que alçaram na última semana. Enquanto Petrobras chegou a subir 8% e Vale 3% no Ibovespa, ambas podem alcançar novo rali adiante, mas sem a ajuda do minério de ferro ou do petróleo.

As commodities, segundo analistas, devem enfrentar um segundo semestre repleto de gatilhos negativos e pouca perspectiva de alta. Na China, sinais mistos sobre a economia levam o minério de ferro a bater no teto. E com boatos de aumento de oferta de óleo cru por países da OPEP+, o petróleo se encontra em situação parecida. Assim, o que levaria as ações da Petrobras (PETR4) e da Vale (VALE3) rumo a nova alta?

Mercado vê estabilidade em preços de minério de ferro e petróleo

A Petrobras (PETR3;PETR4) engatou um rali de 8% na última segunda-feira. Além da recomendação de compra feita pelo JPMorgan, a ação da estatal surfou a alta nos preços do barril de petróleo Brent.

Assim como Petrobras, a Vale (VALE3) também conquistou um rali de 3% na bolsa, motivada pela troca de comando na presidência executiva e alta do minério de ferro.

Mas as duas commodities não têm horizonte promissor por incertezas globais, avaliam analistas.

O minério de ferro ainda sofre com a crise do mercado imobiliário chinês. O preço de novas casas, segundo o departamento de estatísticas da China, caiu 4,9% em julho. É o décimo terceiro mês consecutivo de queda do indicador.

A commodity, na visão de Gabriel Rech, estrategista-chefe da Macro Assessoria, tem mais “gatilhos negativos” adiante do que possibilidades de alta. Ele comenta que, no ano passado, mesmo com queda na demanda por novas casas, o estímulo na produção de carros elétricos na China levou o minério a US$ 140 por tonelada.

Mas isso não deve ocorrer de novo neste ano, o que deve pressionar a Vale (VALE3).

“O estoque está cheio e a China também tem um inventário alto de minério de ferro no momento”, diz.

O petróleo também enfrenta barreiras para nova alta. “No quarto trimestre ainda vemos o mercado apertado”, afirma Raphael Faucz, analista da Rystad Energy.

Com os boatos de que o grupo de países no cartel da OPEC+ podem aumentar a produção pelos próximos 12 meses, Faucz estima que o volume diário de petróleo no mundo deve aumentar em 2,2 milhões de barris por dia.

A projeção da Rystad é de que o barril de petróleo Brent chegue a US$ 80 até dezembro. Hoje, a unidade da commodity vale US$ 77,28.

As blue chips brasileiras, mesmo com vento contrário soprando das commodities no cenário externo, ainda podem voar mais no Ibovespa em 2024.

Isso porque o tão aguardado corte de juros nos Estados Unidos deve transformar mercados emergentes, como o Brasil, em imãs de investimentos. Esta é a avaliação de Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo Investimentos.

“Com juros menores e perda de força do dólar, o investidor estrangeiro deve voltar a se arriscar mais. Ele entra primeiro nos papéis do Ibovespa de altíssima capitalização, que são Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4)”, completa.

E, com a queda do dólar em nível global, as commodities podem ensejar nova alta por aumento de demanda.

Enquanto isso, apesar de rali menor, as ações da Vale têm perspectiva positiva para Mathias.

Faz coro o sócio da Fatorial Investimentos, Fábio Lemos. “É uma empresa descontada em relação aos pares. Enquanto BHP e Rio Tinto negociam suas ações a 5,6 e 5,7x EV/Ebitda, a Vale hoje tem 3,7 EV/Ebitda”, diz.

É uma empresa que, portanto, tem um custo de caixa elevado em relação ao setor, em R$ 24,90 por tonelada. Por outro lado, é vista como barata pelo mercado, conclui Lemos.

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