Na semana de moda de Paris, o desfile da grife Christian Dior, nesta terça-feira (24), no Museu Rodin, serviu de pontapé para a temporada de desfiles de primavera-verão 2025. Além disso, serviu também como uma demonstração de força da indústria do luxo direcionada à audiência.

Publicidade

Havia motivos para tanto. Entre os presentes, a primeira-dama da França, Brigitte Macron, sentou lado a lado com a rainha da Noruega, Sônia Haraldsen, e Bernard Arnault, fundador e presidente do grupo LVMH.

Retração nos lucros

Se os balanços do segundo trimestre apontaram uma retração nos lucros dos principais conglomerados, notadamente o Kering, de Gucci e Saint Laurent, e LVMH, de Louis Vuitton e Tiffany & Co., a resposta foi dada naquele triz pré-desfile.

O aviso do clã Arnault aos analistas parecia ser de que o futuro do negócio será de céu azul com algumas nuvens, tal qual a intervenção plástica que preencheu a passarela e a área externa da redoma de madeira onde ocorreu o desfile.

A presença de três dos cinco herdeiros da família também reforçava a contundência da imagem, rara, como símbolo da transição sucessória em curso na família mais poderosa da moda global.

Entre os herdeiros, estavam Delphine, a CEO da Christian Dior, Frédéric, o CEO da divisão de relógios do grupo, e Jean Arnault, o mais jovem dos irmãos e que, em julho passado, assumiu como diretor de marketing e desenvolvimento dos relógios da Louis Vuitton.

Respostas práticas e acomodação dos gastos

Sob o prisma mercadológico, tanto a coleção da Dior quanto esta temporada de desfiles de verão iniciada em Paris devem se basear nas respostas práticas da moda à acomodação dos gastos com itens de luxo após um boom no pós-pandemia.

Um estudo da Bain & Company produzido em parceria com a associação italiana Altagamma, publicado em junho, afirma que no cenário de “leve declínio” das vendas de artigos pessoais registrado no primeiro trimestre, as marcas “precisarão investir em facilitadores de crescimento e defender os principais elementos do negócio”.

Não à toa, desde a semana de moda de Milão, que terminou no último fim de semana e é prelúdio desta temporada iniciada em Paris, novas versões de bolsas e múltiplas propostas de acessórios apareceram nas passarelas de ícones da moda italiana, como Prada, Fendi e Dolce & Gabbana.

‘Navegando em uma crise momentânea’

No relatório, a sócia da Bain & Company e autora do estudo, Cláudia d’Arpizio, afirmou que “muitas [marcas] estão navegando em uma crise momentânea, impulsionadas por pressões macroeconômicas. Além de “uma base de clientes polarizada”. “Isso representa um momento único para definir um novo caminho a seguir”, disse.

Nesse esforço de forjar novas conexões, a Valentino fará no próximo domingo (29) uma das estreias mais aguardadas da temporada, a do estilista Alessandro Michele à frente da direção criativa da marca.

Ex-estilista da Gucci, ele foi o responsável por tirar a marca italiana do ostracismo em 2015 e multiplicar seu tamanho nos anos seguintes. Isso se deu por meio de uma bem coordenada oferta de clássicos costurados sob uma ótica que, se por vezes soou extravagante, também tornou a marca querida entre jovens da geração Z.

No antigo emprego, essa fórmula se esvaziou e a expectativa agora é sobre o que ele pretende fazer na Valentino e para quais públicos-alvo.

Hermès, a segunda mais valiosa

Outra apresentação aguardada pela indústria é a da Hermès, no sábado (28), por ser uma das poucas casas de moda que conseguiu manter o crescimento vertiginoso em meio às turbulências.

No ano passado, ela se tornou a segunda grife mais valiosa do luxo, com valor de mercado estimado em US$ 218 bilhões, e atrás apenas do grupo LVMH e seus US$ 458 bilhões de grandiosidade no mercado.

Também espera-se que a Chanel, ainda sem sucessão criativa desde a saída da estilista Virginie Viard do posto de diretora artística, em junho, agora mostre os rumos que pretende tomar em seu estilo no médio prazo.

O desfile ocorre no último dia da maratona parisiense, em 1° de outubro, e antecede apresentações importantes como a da Louis Vuitton, Miu Miu e Lacoste.

Com informações do Valor Econômico.

Share.