Quatro dias depois de ganhar destaque por se tornar o maior investidor pessoa física da Americanas (AMER3), Inácio de Barros Melo Neto voltou às compras.

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Nesta terça-feira (16), o investidor e empresário de Pernambuco acaba de adquirir um novo lote com 300 mil ações da varejista, aumentando suas posição, que já está na casa de 113 milhões de papéis.

“Eu sou comprador, rapaz, se cair o papel, eu compro”, afirma o investidor, que aportou R$ 189 mil no investimento desta terça-feira.

“Comprei o papel quando ele bateu R$ 0,63. Agora, neste momento, está a R$ 0,68. O Ibovespa está todo vermelho. Mas os papeis da Americanas estão no azul. Estou no lucro”, diz.

Investidor da AMER3 diz que não quer aparecer

Em entrevista à Inteligência Financeira, Inácio de Barros Melo Neto se diz incomodado com a exposição repentina que ganhou.

O telefone do investidor não para de tocar desde que a Americanas (AMER3) publicou fato relevante, na última sexta-feira (12), informando que sua posição na companhia havia atingido 12,5%.

“Eu acordei no sábado com todo mundo me ligando. Ontem e hoje não para de me ligar a imprensa. Eu não queria essa exposição de jeito nenhum”, garante. “Mas eu estou falando com quem me liga”, diz.

Quem é Inácio de Barros Melo Neto?

Empresário de Pernambuco, ex-vereador do Recife, ele é hoje o maior investidor pessoal física da Americanas na bolsa de valores. Não quer abrir o valor exato, mas conta que já investiu mais de R$ 50 milhões para adquirir 113 milhões de ações ordinárias da empresa em recuperação judicial.

Neste momento, esse montante está reajustado em R$ 75,70 milhões com a cotação do dia.

Inácio de Barros Melo Neto é dono de instituições de ensino em Olinda. Preside a Faculdade de Medicina de Olinda e o Colégio Ecolar, de ensino infantil e fundamental. Mas começou a investir em ações desde 2020, quando o setor viveu um boom.

Começou fazendo day trade e swing trade. Mas não viu vantagem na operação. Quando estourou o escândalo da Americanas, viu ali uma oportunidade para faturar.

Por que ele investe apenas em AMER3?

Melo Neto é fã de Jorge Paulo Lemann e acredita que, com seus sócios, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os acionistas de referência da varejista, a empresa não corre risco de falir.

“Esse rombo é irrisório para o patrimônio desses caras, que eu não conheço, mas admiro”, diz. “Quando sacramentaram o acordo para aportar dinheiro na empresa, em maio, eu aumentei em 50% minha posição”, diz Melo Neto, que chegou a comprar ações quando elas valiam R$ 0,40.

O investidor está ciente de que, com a diluição dos acionistas da Americanas, aprovada em assembleia de acionistas (AGE) de maio, sua participação na empresa vai cair para menos de 1%. Mas diz não se preocupar.

“Prefiro ser um sócio menor de uma grande empresa, do que ter um volume grande de ações de uma empresa pequena”, afirma.

Segundo ele, “qualquer dia desses”, os papéis vão dormir em um patamar e “acordar em outro, muito mais alto”. “Quando chegar no patamar que eu considere bom o suficiente, eu vendo e vou diversificar. Mas, hoje, meu dinheiro de ações está todo em Americanas”, conta.

Desde que começou a montar a posição, ele conta que vem recebendo conselhos para reduzir o volume de aporte. Inclusive dos bancos em que ele possui contas. “O banco me fala, para de comprar, Inácio. Eu falo que não”, afirma.

“Não vou sair da minha tese, eu vou ficar na Americanas. Eu não tenho competência para ser controlador de uma empresa da magnitude que ela tem, mas estou nessa para ganhar dinheiro, não estou entrando por romantismo. E não tenho perfil de rasgar dinheiro, mas de ganhar dinheiro”, diz.

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