O desastre climático que assolou o Rio Grande do Sul em maio atingiu diretamente 334,6 mil postos de trabalho e 420,1 mil domicílios em todos os 418 municípios que decretaram estado de calamidade.
A estimativa consta em duas notas técnicas publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e não contabiliza efeitos indiretos das chuvas, apenas a área de impacto das enchentes, deslizamentos de terra e lama.
Os pesquisadores usaram como base para o cálculo a metodologia utilizada para definir o critério de elegibilidade do programa de apoio financeiro a trabalhadores com empregos formais.
Combinando um mapa produzido por um grupo liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) com dados do eSocial, do Ministério do Trabalho, o estudo encontrou 23,3 mil estabelecimentos privados dentro da mancha de 16.126 km², ou 9,5% do total registrado nessas cidades. Eles eram responsáveis pela manutenção de 334,6 mil postos de trabalho, ou 13,7% do total dos vínculos ativos nos municípios afetados.
Entre os municípios mais atingidos proporcionalmente, destacam-se os da região metropolitana de Porto Alegre, ao Sul da Lagoa dos Patos e do Vale do Taquari.
Roca Sales, cidade de 12 mil habitantes, teve 74,1% dos estabelecimentos e 84,3% dos postos de trabalhos afetados. A capital Porto Alegre teve 27% dos estabelecimentos e 38% dos postos de trabalho afetados.
Cruzando os dados com o Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos do Censo Demográfico 2022, os pesquisadores também estimaram que a mancha das enchentes atingiu, de forma direta, 876,2 mil pessoas em 420,1 mil domicílios, ou 8,8% da população das cidades afetadas.
Segundo o Cadastro Único, os 418 municípios decretaram estado de emergência ou calamidade tinham registradas 1,43 milhão de famílias (3,19 milhões de pessoas) em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Destes. 138,8 mil, ou 310,4 mil pessoas, tiveram suas residências atingidas pela cheia dos rios, pela lama ou deslizamentos.
Com informações do Valor Econômico