O Tesouro Prefixado pode ser uma alternativa para quem procura títulos de renda fixa que paguem 1% ao mês. Nesta entrevista, Nayra Sombra, planejadora financeira e sócia da HCI Invest, aponta algumas opções para investir agora e ainda esclarece que tipo de título é esse e como funciona. Acompanhe:

Publicidade

Quais títulos da renda fixa voltaram a pagar 1% ao mês?

“Majoritariamente são os títulos de renda fixa prefixados, como o Tesouro Prefixado 2031 e 2035, além de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e as LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio)”, diz ela.

A especialista explica que esse retorno é possível graças à expectativa de aumento da taxa básica de juros, a Selic, que influencia as taxas desses investimentos. “O aumento nos juros reflete a política do Banco Central para controlar a inflação, e, como resultado, o rendimento desses títulos volta a ser atrativo, chegando ao patamar de 1% ao mês.

É verdade também que, enquanto a Selic estava em 10,5% e o CDI em 10,4%, os ativos que pagam 122% do CDI também estavam pagando 1% ao investidor. Mas tem um porém. “Esses títulos costumam ter o prazo mais alongado, a partir de 2027”, diz ela.

Agora, com a alta da Selic, é possível ser que este prazo diminua e os títulos que pagam 119% do CDI também passem a render 1% a.m.

“Vale lembrar que estamos nos referindo a valores brutos, e o IR neste tipo de aplicação (com exceção da LCI e LCA que são isentos), respeitam uma tabela que vai de 22,5% a 15% de acordo com o período que o recurso esteve aplicado”, alerta.

O que é Tesouro Prefixado?

Vamos começar pelo começo então. “O Tesouro Prefixado é um tipo de título público emitido pelo governo brasileiro através do Tesouro Direto em que a taxa de rendimento é definida no momento da compra e permanece fixa até o vencimento”, define a planejadora financeira.

Ou seja, isso quer dizer que, ao investir em um Tesouro Prefixado, você sabe exatamente quanto vai receber ao final do período, independentemente das variações da economia.

Vantagem do Tesouro Prefixado: previsibilidade

As vantagens são, em primeiro lugar, previsibilidade. “Como a taxa de juros é fixa, o investidor sabe exatamente quanto receberá ao fim do período”, diz Nayra. Por exemplo, se você compra um título com rentabilidade de 12% ao ano, sabe que essa será a taxa aplicada durante todo o período, até o vencimento.

Outro ponto positivo é a proteção contra queda de juros. “Se os juros caírem após a compra do título, você continua recebendo a taxa acordada, o que pode ser vantajoso em cenários de queda da taxa Selic”, afirma.

Outro exemplo: se a taxa de juros baixar para 10% ao ano e você comprou o título a 12%, o seu investimento continua rendendo mais que o mercado.

Por fim, há ainda a vantagem de ser uma ppção de curto, médio e longo prazo, já que existem opções de Tesouro Prefixado com diferentes prazos, o que permite adaptar o investimento de acordo com seu objetivo.

Quais são as desvantagens?

Mas o Tesouro Prefixado também tem suas desvantagens. O risco de mercado é uma delas. “Se você precisar vender o título antes do vencimento, poderá ter prejuízo”, diz a especialista. Isso ocorre porque o valor do título varia conforme as condições do mercado. “Se a taxa de juros subir após a compra, o preço do seu título cai, e vender pode resultar em uma perda financeira”, explica.

Por exemplo, se você comprou um título com 12% de rentabilidade e a taxa de juros no mercado sobe para 15%, o valor do seu título será ajustado para baixo, reduzindo o retorno.

Outro ponto negativo é a perda do potencial de ganhos com alta de juros. “Se os juros subirem após a compra do título, você continuará recebendo a taxa fixa pactuada, sem aproveitar o aumento da taxa de mercado”, afirma.

Para completar, tem ainda a menor flexibilidade. “O ideal é manter o título até o vencimento, o que pode ser um limitador se você precisar do dinheiro antes do prazo estabelecido, uma vez que o resgate antecipado pode trazer perdas”, diz Nayra.

Como explica Nayra, o Tesouro Prefixado com juros semestrais é uma modalidade de título público em que o investidor recebe uma parte dos juros do investimento a cada seis meses, em vez de receber o valor total somente no vencimento. “Esse título tem uma taxa de retorno fixa, definida no momento da compra, e é ideal para quem busca uma renda periódica”, detalha.

Como funciona o pagamento semestral de juros

“A cada seis meses, o governo paga uma parcela dos juros ao investidor, depositando o valor na sua conta”, explica a especialista. O valor pago é proporcional à taxa acordada no momento da compra. “No final do prazo do título, além dos juros pagos semestralmente, você recebe de volta o valor principal que investiu”, afirma.

Por exemplo, se você comprar um Tesouro Prefixado com taxa de 12% ao ano e um valor de R$ 1 mil, recebe cerca de R$ 60 (6% sobre R$ 1 mil) a cada semestre. E, no vencimento, além de já ter recebido todos os juros ao longo do período, você também recebe o valor investido inicialmente.

Mas tem uma desvantagem aí. “Se você quiser reinvestir os juros recebidos, pode não conseguir a mesma taxa que obteve no momento da compra do título”, diz ela. A dica vale especialmente em um cenário de queda de juros. Além disso, a tributação de IR é feita sobre cada pagamento semestral de juros. Portanto, a rentabilidade final pode ser reduzida, já que os impostos são pagos com mais frequência.

“Em resumo, o Tesouro Prefixado com juros semestrais é boa opção para quem quer previsibilidade e renda regular ao longo do tempo”, diz ela. Por outro lado, pode não ser a melhor escolha para quem deseja acumular ao máximo os rendimentos até o vencimento.

Qual Tesouro Prefixado é mais interessante neste momento?

Depende. “Cada título do Tesouro Direto que paga cerca de 1% ao mês pode ser interessante para diferentes perfis de investidor“, diz ela. Tudo depende também dos seus objetivos e da sua necessidade de liquidez. Confira a seguir uma generalista que especialista fez de cada um deles.

Tesouro Prefixado 2031 (12,06% ao ano)

Perfil de investidor: quem busca estabilidade e tem uma visão de longo prazo, especialmente para quem pode manter o investimento até o vencimento. “Vale, por exemplo, para quem deseja garantir uma rentabilidade fixa, sem se preocupar com as oscilações do mercado”, acredita.

Objetivo: de acordo com Nayra, este papel é ideal para quem está planejando algo para 2031, como a aposentadoria ou a educação dos filhos. Afinal você sabe que vai receber exatamente os 12,06% ao ano, independentemente de variações econômicas.

Risco: “o risco principal é vender o título antes do vencimento, caso o mercado esteja desfavorável, podendo gerar perdas”, alerta.

Tesouro Prefixado 2035 com pagamento de juros semestrais (11,97% ao ano):

Perfil de Investidor: para quem deseja ter uma renda recorrente. “É ideal para aposentados ou pessoas que buscam um fluxo de caixa semestral”, diz ela. Isso porque a pessoa pode ir complementando a renda com os juros recebidos.

Objetivo: útil para quem quer uma fonte de renda previsível, especialmente em tempos de alta taxa de juros. “Ele permite que o investidor vá recebendo os juros periodicamente, o que pode ser útil para cobrir despesas recorrentes”, diz ela.

Risco: assim como o anterior, é mais indicado para quem planeja manter o título até o vencimento, já que vender antes dessa data pode gerar prejuízo.

Tesouro Prefixado 2027 (11,82% ao ano):

Perfil de Investidor: adequado para quem tem um horizonte de médio prazo e busca uma taxa de retorno fixa, mas não quer comprometer o capital por um período tão longo quanto os títulos de 2031 ou 2035.

Objetivo: ideal para aqueles que estão planejando metas de médio prazo, como a compra de um imóvel, automóvel ou uma viagem mais legal até 2027, de acordo com a planejadora.

Risco: mais uma vez, o risco está em vender antes do vencimento, o que pode trazer perdas dependendo das condições de mercado.

Considere seus objetivos (e o IR)

Outra observação interessante de Nayra é que títulos prefixados são especialmente interessantes para um pequeno percentual da carteira, já que garantem um retorno fixo, independentemente de futuras quedas nas taxas. “No entanto, é sempre importante que o investidor tenha clareza sobre seus objetivos financeiros e esteja preparado para manter o título até o vencimento para evitar surpresas”, diz ela.

“Outro ponto que deve ser considerado é que estamos falando de valores brutos. “Com o desconto do Imposto de Renda, estes ativos renderão cerca de 0,86 ao mês se aplicados por mais de 2 anos”, alerta.

Para quem o Tesouro Prefixado é interessante…

… basicamente para investidores que:

  • têm certeza de que podem deixar o dinheiro aplicado até o vencimento;
  • querem uma previsibilidade de retorno e não querem depender de oscilações do mercado;
  • desejam se proteger de possíveis quedas nas taxas de juros no futuro.

“A chave para o sucesso com o Tesouro Prefixado é alinhar o investimento com seus objetivos e com o tempo que você pode deixar o dinheiro aplicado, sempre considerando o risco de precisar vender o título antes do prazo e as condições do mercado”, avalia a planejadora.

Share.