Gostaria de aproveitar nosso encontro mensal para falar sobre aquelas famosas dicas de investimento que aparecem nos churrascos de domingo, nas rodas de amigos ou nas conversas em família. Os famosos “retornos milagrosos”.
Sabe quando ficamos suscetíveis a prestar atenção em qualquer sugestão de investimento vinda de lugares aleatórios, com a promessa de ganho rápido e fácil, com retornos milagrosos? Isso pode ser perigoso. Claro que devemos ser curiosos e estar sempre antenados com as novidades do mundo dos investimentos, mas filtrar as informações é essencial para evitar apuros.
Esse tema é recorrente nas situações que mencionei. Sabe aquele amigo que está investindo em um “fundo maravilhoso”, com retornos milagrosos nos investimentos? Ou em uma ação espetacular que alguém recomendou? E aí você, louco para ver seu dinheiro render, anota tudo no guardanapo, chega em casa e aplica exatamente igual.
Erro! Se está ganhando muito, o risco também é alto. Você suporta as oscilações do mercado do mesmo jeito que o seu amigo? A sua realidade financeira é igual à dele? Provavelmente, não. Então, cuidado com os “calls” (recomendações) aleatórios.
E tem mais: mesmo que você tenha o perfil para suportar os riscos, lembre-se de que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
Rentabilidade passada x rentabilidade futura
Vamos pegar como exemplo o tal fundo com retornos milagrosos nos investimentos que o amigo mencionou. Ele pode, de fato, ter um bom histórico de rendimentos e até ser muito bem avaliado. Mas o problema está na sua decisão de investir baseada apenas no retorno passado. Analisar o histórico é um passo importante, mas não pode ser o único critério.
E se eu te disser que esse fundo, tão elogiado, é na verdade um fundo de ações de altíssimo risco e que, no mês seguinte, sofreu uma queda de 10% no valor investido? Você estaria preparado para isso?
Ou que esse mesmo fundo possui um prazo de resgate de 60 dias? Sim, existem fundos com prazos assim. Não devemos nos basear em um produto acreditando simplesmente que ele replicará os retornos do passado.
O contrário também é verdade: você não deve deixar de investir em um fundo só porque ele apresentou um histórico recente ruim. Isso não significa necessariamente que o fundo não tenha potencial ou que continuará performando mal. Cuidado com os vieses comportamentais. É fundamental compreender a estratégia do fundo, suas expectativas futuras, riscos e prazo de resgate (liquidez), para decidir se ele faz sentido para o seu momento de vida e objetivos.
Em resumo: há uma tendência natural de esperarmos que a rentabilidade passada se repita no futuro. No entanto, isso não é garantia.
Ignorar os riscos de um produto, investir apenas com base no retorno passado ou sem conhecer as condições de resgate são atitudes que podem gerar frustrações. Produtos que entregam altos retornos costumam exigir mais de você, seja com maior exposição ao risco ou menor liquidez.
Continue sendo curioso, anote as dicas, mas seja criterioso ao analisá-las. E, em caso de dúvida, busque orientação de um profissional certificado, como os especialistas de investimentos do íon, para tomar decisões mais seguras.
Bom churrasco de domingo, mas cuidado com as ressacas. Precaução gajos!
*Texto escrito por Marcelo Coelho, especialista líder em Investimentos do íon. Para ler outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.