Ao investir parte do dinheiro, é normal buscar produtos que entreguem bons retornos financeiros. Tanto que muitas pessoas têm procurado títulos que pegam o IPCA+10% ao ano. Ou seja, um investimento que ofereça remuneração igual ao IPCA acrescido de 10%.
Então, por exemplo, se o IPCA acumulado em um ano for 4%, um título IPCA+10% renderia 14% nesse período.
Mas será que esse tipo de ativo financeiro existe? E mais, qualquer tipo de investidor pode – e deve – investir em produtos com esse retorno? Quais os riscos e vantagens?
Para responder essa e outras questões, a Inteligência Financeira conversou com Simone Carvalho, CEO do Grupo NanoCapital, e com Fernando Marx, contribuidor e sócio da Traders Club.
A seguir, então, você confere o que os especialistas pensam a respeito desse tema.
O que é IPCA?
Mas, antes de falarmos sobre os títulos que pagam IPCA+10%, claro, vale entender como funciona o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que nada mais é do que o indicador oficial da inflação no Brasil.
“O IPCA mede a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo. Esse índice, portanto, é utilizado para acompanhar o custo de vida da população. Além de ser fundamental para a política monetária e para os investidores, pois reflete a pressão inflacionária no país”, explica Simone Carvalho.
Por que o IPCA é importante para o investidor?
Ainda de acordo com a especialista, o IPCA é crucial para os investidores. Isso porque afeta diretamente o poder de compra do dinheiro.
“Dessa forma, quando a inflação sobe, o rendimento real dos investimentos pode ser corroído. Portanto, acompanhar o IPCA é essencial para escolher investimentos que preservem o poder aquisitivo ao longo do tempo”, analisa.
Existem títulos que paguem até IPCA+10%?
Vale saber, aliás, que existem diversos títulos de renda fixa atrelados ao IPCA. Inclusive, segundo Fernando Marx, a renda fixa no Brasil segue tendo ótimas oportunidades. Afinal de contas, vem apresentando uma taxa de retorno real muito acima da inflação e uma das maiores do mundo.
“É importante notar que tanto os títulos públicos quanto privados apresentam boas escolhas. Acontece que, naturalmente, os títulos privados tendem a ter um prêmio acima do público por representar um adicional de risco. Afinal, em tese, os títulos do governo deveriam ser os mais seguros”, afirma Marx.
Assim sendo, ainda de acordo com o especialista, com uma régua tão alta nos títulos públicos, que já estão atrativos, as taxas privadas ficam ainda mais interessantes (compensadas pelo adicional de risco).
Portanto, alguns exemplos de títulos públicos e privados que pagam até o IPCA+10% ao ano são:
Títulos públicos
“No secundário, temos as Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-Bs) curtas – na média de 2 anos de duration – pagando aproximadamente IPCA+6,5%. Enquanto isso, diretamente com o Tesouro Direto, temos taxas apenas para 2029 acima de 6%”, comenta o sócio da Traders Club.
Inclusive, é possível verificar todos os títulos e seus retornos diretamente no site do Tesouro Direto, clicando aqui.
Títulos privados
Aqui, Marx traz algumas opções, como:
- Debênture Enauta para 2030: que paga IPCA+6,93% (isento de IR);
- Debênture Iguá Saneamento para 2043: tem como retorno o IPCA+7,24% (isento de IR);
- CRI Rede D’Or para 2036: com retorno financeiro do IPCA+6,28% (isento de IR).
IPCA+10%: quanto maior o retorno, mais riscos
E, se você se perguntou se é possível encontrar investimentos que pagam exatamente o IPCA+10%, a resposta é sim.
“Para conseguir esse tipo de remuneração, o caminho mais comum são os títulos de dívidas de empresas privadas. No entanto, é importante ressaltar que esses títulos têm maior risco em comparação com o Tesouro Direto. Por isso, investidores mais conservadores devem considerar essa questão antes de investir em ativos alternativos em busca de uma rentabilidade superior”, pondera Simone Carvalho.
Nesse caso, portanto, os riscos estão relacionados à solidez financeira das empresas emissoras dos títulos. Afinal de contas, se a empresa enfrentar dificuldades financeiras, o investidor pode ter prejuízos. “Além disso, o risco de mercado e a volatilidade também devem ser considerados”, lembra Simone.
E as vantagens?
Já o lado positivo de incluir na carteira investimentos que paguem até IPCA+10% ao ano incluem a possibilidade de obter rendimentos superiores à inflação e a diversificação da carteira de investimentos. “O que proporciona um melhor balanceamento de risco e rentabilidade. Sem esquecer que esses títulos podem ser uma alternativa para proteger o poder de compra ao longo do tempo”, diz a CEO da NanoCapital.
Diante disso, fica claro que esses produtos não são muito indicados para todos os perfis de investidor. Desse modo, Simone pontua que esses títulos são direcionados aos mais arrojados.
“Afinal, esses perfis buscam rentabilidade acima da inflação. Porém, é fundamental que o investidor compreenda os riscos envolvidos e esteja disposto a acompanhar de perto as empresas emissoras desses títulos”, analisa.
Sem esquecer que a escolha de qualquer investimento, seja ele com retorno de até IPCA+10% ou não, deve ser avaliada individualmente, levando em conta não só o perfil do investidor, mas também os objetivos e tolerância ao risco.
“Para quem busca rentabilidade acima da inflação e está disposto a assumir riscos, esses títulos podem ser uma opção interessante. Porém, é essencial fazer uma análise criteriosa antes de investir”, reitera a CEO.