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Investir é uma tarefa que exige estudo dos produtos disponíveis, análise de taxas e condições, e conhecimento sobre o contexto financeiro para fazer as melhores escolhas. Pesa na decisão saber ponderar entre segurança, liquidez e rentabilidade.

Bem como conhecer o próprio perfil de investimento, sabendo se você tolera correr riscos e em busca de maior rendimento. Ou se prefere lucro menor em troca da previsibilidade.

Assim, apesar da precaução, podem acontecer mudanças que levam o investidor a se arrepender de alguma escolha. São casos como alterações regulatórias que influenciam nas ações de determinadas empresas, companhias que enfrentam dificuldades financeiras, mudanças no cenário econômico, crises, e até pandemias.

Logo, para decidir se vale mais a pena resgatar o investimento com prejuízo ou esperar, Alan Fornazier, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, recomenda ao investidor fazer as contas.

“É preciso saber qual será o prejuízo para antecipar o resgate, qual será o retorno na nova aplicação e em quanto tempo esse retorno virá para o investidor”, afirma Fornazier.

Prazos de investimento

Por exemplo, nos títulos de renda fixa, a rentabilidade, a data de vencimento e o período de carência impactam na escolha pelo resgate antecipado, explica Fornazier.

“A rentabilidade do título é baseada no vencimento, e a carência pode ser menor ou igual ao vencimento. Por exemplo: uma LCI pode ter carência para resgate de 1 ano, e um vencimento (data em que o título é devolvido ao investidor) em 3 anos”, diz o especialista.

Neste caso, o produto pode ser resgatado após a carência sem prejuízo. Caso continue aplicado, seguirá rendendo juros até o vencimento. Depois do vencimento, o valor investido acrescido de juros cai na conta do investidor.

Enquanto isso, resgate antecipado de debêntures, CRI e CRA estão sujeitos a outros conceitos, que são a marcação na curva e marcação a mercado. Para fazer o resgate antecipado desses investimentos, é preciso encontrar compradores interessados nos papéis.

Isso significa vendê-los pelo preço que o mercado quer pagar, e não necessariamente pelo valor que se pagou por ele, corrigido pela taxa de juros contratada.

“A marcação na curva reflete a rentabilidade do título na taxa contratada. A marcação a mercado reflete o valor real do título negociado no dia, e pode existir uma diferença entre esses valores. Caso o valor a mercado seja maior que o valor da curva, o investidor está com ágio naquele investimento. Caso a marcação a mercado esteja menor que a marcação na curva, o título encontra-se com deságio”, explica o especialista.

Impostos

Em investimentos que possuem impostos, a taxa cobrada sobre o rendimento é de 22,5% nos primeiros 180 dias de aplicação.

Caso o investidor espere um pouco mais, é possível reduzir levemente a perda. Entre 181 e 360 dias, a alíquota aplicada é de 20%.

Já entre 361 a 720 dias, o percentual é de 17,50% e, após 721 dias, a alíquota vai para 15%.

Mas o investidor não vai precisar fazer as contas desses descontos quando observar os investimentos no sistema do banco ou corretora. Segundo Fornazier, o sistema apresenta para o investidor o valor líquido e o valor bruto, quando há imposto.

Como saber qual vai ser o prejuízo

Portanto, segundo Fornazier, para saber qual vai ser o prejuízo no momento do resgate, é preciso calcular o valor do título no momento do resgate e o valor da marcação na curva.

Como exemplo, ele cita um título com valor a mercado de R$ 800 (o quanto o mercado está disposto a pagar por aquele papel). Se esse papel tiver marcação na curva de R$ 1.000 (o quanto ele poderia valer, se comparado a outros investimentos semelhantes), a perda seria de 20%.

Em suma, transformando isso em equação, seria dividir o valor a mercado pela marcação na curva e subtrair 1. No exemplo acima, seria (800/1000)-1 = -20%. O resultado indica que o título está com deságio de 20% no momento do resgate.

Contudo, há casos em que é melhor resgatar com prejuízo agora do que esperar pela recuperação e ela não vir, tornando o rombo ainda maior.

A análise da conjuntura do investimento e da economia deverá guiar o investidor até a tomada de decisão. Se houver sinais de que aquele investimento não irá se recuperar, é melhor vender logo antes de perder ainda mais dinheiro.

Quando esperar pela recuperação

Então, antes de decidir pelo resgate antecipado, o investidor deve observar a economia e considerar que ela é movida por ciclos: haverá momentos de prejuízo e outros de lucro. A longo prazo, essa oscilação tende a ser amortecida.

Por isso, se o investimento feito está com prejuízo, mas a escolha daquele ativo está fundamentada em um plano concreto, a espera pode fazer com que os valores voltem a ficar positivos.

“Primeiro, é importante definir o horizonte de investimento, sendo ele no curto, médio e longo prazo”, aconselha Fornazier.

“Depois, é importante definir a tolerância à volatilidade desta carteira ao longo do tempo, e por fim, a escolha dos produtos deve ser baseada nessas premissas e nas perspectivas econômicas em relação à taxa de juros e inflação”, afirma o especialista.

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