O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (24) que acredita que o Brasil vai retomar uma “trajetória positiva considerável” com relação à taxa básica de juros (Selic) no país. Em Nova York para participar da Semana do Clima e da Assembleia Geral das Nações Unidas, o ministro fez a declaração após a divulgação hoje da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

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Na semana passada, o Copom elevou o patamar da Selic, de 10,50% ao ano para 10,75% ao ano. De acordo com Haddad, porém, a economia brasileira está aquecida e as coisas logo devem voltar ao normal. “Às vezes o Banco Central se preocupa um pouquinho, se preocupa com a inflação, que é a missão que ele tem. Então é natural, mas nós queremos voltar a uma trajetória de crescimento sustentável”, disse.

O ministro apontou, ainda, que as decisões do governo chinês para reaquecer a economia interna têm impactos favoráveis para o Brasil. “A China é uma grande compradora e grande importadora de produtos brasileiros, então isso já animou o mercado hoje”, destacou. Para Haddad, o corte nos juros americanos também traz impactos positivos para o país.

“Este ano foi um pouco turbulento em relação ao ano passado, teve algumas surpresas e alguns adiamentos. A economia da China reagiu de um jeito, a do Japão de outro. A [economia] americana, que todo mundo pensou que ia cortar os juros em junho e imaginou-se até subir o juro nos Estados Unidos, agora começou um corte forte de 0,50 ponto percentual que ninguém esperava, todo mundo estava contando com 0,25 [ponto percentual], então não dá para prever, neste momento, tudo o que vai acontecer, mas as coisas estão voltando ao normal na minha opinião”, avaliou.

Além disso, Haddad se reuniu com investidores interessados na agenda sustentável e apontou que, para construir economia sustentável, é preciso de financiamento. De acordo com ele, preservar milhares de quilômetros tem um custo. Ele destacou que o Brasil desenvolveu um projeto para a criação de um fundo de preservação e pagamentos dos serviços ambientais.

A ideia do fundo é gerar recursos para preservação, o que o mercado de crédito de carbono não garante, segundo Haddad. Ele explicou também que essa iniciativa não substitui o mercado de crédito de carbono, “mas a demanda desses países é para algo que é importante para a humanidade, mas não tem previsão de remuneração, um mecanismo adicional, que não concorre com o primeiro, mas que é complementar e necessário para a preservação das florestas tropicais”.

Questionado, o ministro negou que as recentes queimadas que atingiram vários pontos do território brasileiro tenham influenciado negativamente nas negociações com investidores. Ainda segundo Haddad, que participou de uma reunião com representantes da Shell, o interesse das petrolíferas deve ser em aumentar investimentos em transformação ecológica.

*Com informações do Valor Econômico

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