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Um período prolongado de preços mais baixos do petróleo vai machucar as receitas da Petrobras (PETR3;PETR4) neste ano e no próximo.

Além disso, maiores gastos com novas plataformas de exploração que começam a entrar em operação em 2025 vão elevar o endividamento da companhia.

Esse conjunto vai pressionar os lucros da estatal e, por conseguinte, os dividendos que serão distribuídos aos acionistas.

Este é o resumo de um relatório do que o Goldman Sachs acaba de publicar sobre a maior empresa brasileira na bolsa.

Como resultado, Bruno Amorim, Guilherme Martins e Guilherme Bosso, os analistas que assinam o relatório, reduziram o preço-alvo de PETR4 em 10% para os próximos 12 meses, a R$ 39,40. Isso significa um potencial de alta acanhando ao redor de 6%.

O que piorou no cenário para Petrobras?

O primeiro ponto de preocupação dos analistas é com o mercado global de petróleo.

Desde o começo de junho, o preço do óleo do tipo brent caiu cerca de 20%, para cerca de US$ 72 o barril.

PETR4 também recuou, mas não na mesma intensidade, caiu 5% no período, na esteira de uma melhora mais abrangente da bolsa brasileira.

E para o Goldman o horizonte para os preços internacionais da commodity não vai ajudar.

A previsão dos analistas é de que a fraqueza da economia chinesa, a produção de petróleo acima das expectativas nos Estados Unidos e os estoques elevados do produto nos países da OCDE devem manter os preços do barril entre US$ 70 a US$ 85, ante faixa estimada anteriormente, de US$ 75 a US$ 90.

Para a petroleira brasileira, isso significou queda na projeção do Goldman Sachs para o resultado operacional.

Em números, os analistas agora esperam que o lucro da Petrobras cairá em 2024 (-3%), 2025 (-9%) e 2026 (-7%).

Endividamento da Petrobras deve subir

Outra fonte de pressão sobre o lucro e, consequentemente, sobre a remuneração dos acionistas, é a estimativa de maior endividamento da Petrobras, diz o Goldman.

O principal motivo são os custos ligados à entrada em operação de três novas plataformas de produção até o final de 2025.

Pelas contas do Goldman, cada plataforma com capacidade de produzir 225 mil barris de petróleo por dia traria despesa de US$ 3,5 bilhões em passivos de arrendamento.

Sim, isso elevaria também as receitas, mas as plataformas levam tempo para trabalhar a plena capacidade.

A política de remuneração da Petrobras prevê a distribuição de 45% do caixa livre caso a dívida bruta seja igual ou inferior a US$ 65 bilhões.

Nos últimos anos, também como resultado da redução das dívidas, a companhia pagou dezenas de bilhões de reais em dividendos extras.

Agora, essa situação pode mudar, diz o Goldman.

“Acreditamos que a dívida bruta da Petrobras pode exceder ligeiramente o limite de US$ 65 bilhões até o quarto trimestre de 2025”, diz o relatório.

Além do leasing de novas plataformas, os analistas também citam o possível uso de parte do caixa para compras de ativos.

Nos últimos meses, a Petrobras vem sendo envolvida em rumores de recompra de refinarias no Brasil e da disputa por blocos de exploração na África.

O Goldman vê espaço para a distribuição potencial de até US$ 6 bilhões em dividendo extraordinário nos próximos 12 meses.

Nesse sentido, US$ 4 bilhões seriam pagos até o final do ano e outros US$ 2 bilhões no primeiro semestre de 2025.

“Isso deve ser visto como um teto (…) pois assume que a Petrobras reduziria sua posição de caixa para o piso de US$ 8 bilhões exigidos pela administração”, estima o Goldman.

Apesar disso, o banco de investimentos manteve a recomendação de compra para as ações da Petrobras.

“Olhando para um contexto mais amplo e global, ainda vemos a empresa oferecendo um prêmio razoável sobre as principais empresas globais”, argumentaram os analistas, que seguem apostando na distribuição extra de dividendos pela companhia ​​no futuro.

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