O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que o país não irá prejulgar os resultados da disputa eleitoral na Venezuela, à medida que os venezuelanos vão às urnas neste domingo (28) para eleger um novo presidente. Isso, em uma eleição cercada de denúncias da oposição sobre interferências de Nicolás Maduro.
Pouco antes do início da votação no país sul-americano, Blinken disse em uma entrevista coletiva em Tóquio que os EUA e a comunidade internacional observariam de perto a eleição.
“Os Estados Unidos não vão julgar antecipadamente o resultado. Essa é uma escolha que cabe aos venezuelanos. Mas o povo venezuelano merece uma eleição que reflita genuinamente sua vontade, livre de qualquer manipulação”, disse o secretário.
Indústria petrolífera da Venezuela
Washington suavizou as sanções sobre a indústria petrolífera da Venezuela em outubro passado. Fez assim, em resposta a um acordo entre Maduro e os partidos de oposição. Mas depois reimprimiu as sanções devido a ações que, segundo Washington, ameaçavam um voto democrático inclusivo.
Blinken afirmou que Maduro não cumpriu muitas das promessas feitas naquele acordo. Mas ainda havia um “enorme entusiasmo” antes da eleição.
“Instamos todos os partidos a honrar seus compromissos e a respeitar o processo democrático”, disse Blinken.
Líder da oposição da Venezuela
A principal líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, que foi impedida de concorrer nas eleições presidenciais por causa de uma inabilitação política, votou em uma seção eleitoral de Caracas deste domingo.
Em uma mensagem dirigida aos venezuelanos que migraram nos últimos anos e “que estão ansiosos para retornar”, Machado disse que “esse reencontro está muito próximo”.
“Quero lembrar a todos que a apuração é um ato público, as pessoas podem entrar e vê-la”, afirmou Machado à imprensa.
Seja nos centros de votação ou mesa por mesa, María Corina Machado citou as leis e processos eleitorais, dizendo aos representantes dos partidos que têm direito a uma cópia das atas emitidas pelas urnas.
O documento crucial verifica se os votos correspondem aos números oficiais divulgados pelas autoridades eleitorais.
A líder da oposição concordou com as autoridades eleitorais que poderiam ver os resultados oficiais, “irreversíveis e antecipados”.
“Recebemos muito poucos relatos de incidentes sobre a conduta dos militares”, disse Machado em relação às forças armadas responsáveis pela logística e segurança das eleições nacionais.
A líder da oposição da Venezuela também minimizou os incidentes em alguns centros de votação. Relato apontam que representantes dos partidos de oposição foram impedidos de entrar para votar, apesar de estarem autorizados a atuar como testemunhas do processo de votação. Mas ela agradeceu aos militares pelo que chamou de comportamento respeitoso.
“Esse governo vai cair!” gritaram os seguidores de Machado enquanto ela deixava o centro de votação.
Ela afirmou com base em dados da campanha de González que 42,1% dos eleitores, que representam 9,3 milhões de pessoas, compareceram até as 13h do horário local (14h, de Brasília).
Maduro: ‘resultados devem ser respeitados’
Mais cedo, ao depositar seu voto, Maduro alertou que os resultados devem ser “respeitados”, enquanto seu principal adversário, Edmundo González Urrutia, afirmou que defenderá “até o último voto”.
Não se espera nenhum tipo de divulgação de resultados para antes da madrugada de segunda-feira no Brasil. A realização de pesquisas de boca de urna é proibida pela legislação eleitoral.
Com informações do Valor Econômico.