O dólar à vista exibe depreciação firme na sessão desta segunda-feira em um dia em que, além de um alívio global da pressão da moeda americana, possivelmente há uma redução no prêmio de risco que havia no real por conta de temores sobre a política monetária.
Comentários do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, dão mais margem para a melhora do câmbio no início desta tarde. Com isso, a moeda brasileira apresenta o segundo melhor desempenho frente ao dólar, de uma cesta de 33 moedas mais líquidas, perdendo apenas para o peso chileno.
Perto das 15h05, o dólar comercial era negociado em queda de 1,67%, cotado a R$ 5,38. Já o euro comercial exibia desvalorização de 1,13%, a R$ 5,93.
Há duas semanas o mercado vem precificando a chance de um novo ciclo de altas de juros no Brasil. Isso teve início com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e depois com comentários sequenciais bastante conservadores por parte de Gabriel Galípolo, diretor do BC e cotado para assumir o comando da autarquia.
A postura mais dura ajudou a reduzir a percepção de risco de que o BC pudesse ser mais condescendente com a inflação mais alta no futuro.
O tesoureiro de um grande banco avalia que o exterior dá uma aliviada hoje, com dólar perdendo força globalmente, mas a cautela da autoridade monetária brasileira mantém o real à frente dos pares.
“O BC mais conservador ajuda muito. O dólar fica fraco, mas o real é a melhor moeda no mundo neste mês”, diz. Em agosto, o dólar já recua 4,37% ante o real.
Chama atenção o fato de a aposta a favor do real estar crescendo. Na ponta do investidor local, a posição vendida em dólar contra o real está em torno de US$ 8,13 bilhões, segundo dados da B3 sobre dólar futuro, dólar mini, swap e cupom cambial.
Na ponta do investidor estrangeiro, a posição comprada em dólar contra o real vem caindo e encontra-se perto de US$ 73,3 bilhões.
Embora haja essa melhora hoje, operadores avaliam que há uma preocupação de que essa posição a favor do real fique muito “cheia” (as apostas aumentem bastante), a ponto de se tornar algo ruim para a moeda. Inclusive, porque ainda há incertezas em torno da questão fiscal, que podem engatilhar uma piora no câmbio.
Com informações do Valor Econômico