O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em ata divulgada nesta manhã, avaliou que “os dados referentes à inflação sugerem uma deterioração da composição da inflação, ainda que o número agregado não tenha divergido significativamente do que era esperado no trimestre anterior”.

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O colegiado, que subiu a Selic na semana passada de 10,5% para 10,75% ao ano, diz que observou uma interrupção no processo desinflacionário no período mais recente.

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“As taxas de inflação de bens industriais e de alimentação no domicílio cresceram na margem, possivelmente refletindo a depreciação cambial e um cenário mais desafiador advindo do clima”, diz a ata.

O comitê volta a destacar o papel dos preços dos serviços, que têm maior inércia, no estágio atual de redução da inflação. “Debateu-se então o papel da dinâmica do mercado de trabalho e das expectativas de inflação para a determinação da inflação de serviços”, afirma.

“Concluiu-se que a inflação corrente, medida pelo índice cheio ou por diferentes medidas de núcleo, em níveis acima da meta, em contexto de dinamismo da atividade econômica, torna a convergência da inflação à meta mais desafiadora.”

O Copom diz ainda que preferiu não dar indicação futura sobre os seus próximos passos para a taxa Selic.

“O Comitê debateu o ritmo e a magnitude do ajuste da taxa de juros, bem como sua comunicação”, diz a ata da reunião da semana passada, que subiu os juros de 10,5% ao ano para 10,75% ao ano. “Em virtude das incertezas envolvidas, o Comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

O documento diz que o cenário atual exige uma política monetária mais contracionista, citando resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas. “O Comitê ao longo do tempo tem delineado sua função de reação, tornando transparente sua forma de agir, e perseguirá plenamente seu mandato”, diz a ata.

O Comitê afirma que “julgou que o início do ciclo deveria ser gradual de forma a, por um lado, se beneficiar do acompanhamento diligente dos dados, ainda mais em contexto de incertezas, tanto nos cenários externo como doméstico, mas, por outro lado, permitir que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar”. Segundo a ata, todos os membros do Comitê concordaram em iniciar gradualmente o ciclo de aperto de política monetária.

A ata apontou ainda que a desancoragem das expectativas de inflação é um “fator de desconforto comum” aos membros do colegiado. O documento destacou que a reancoragem “é um elemento essencial para assegurar a convergência da inflação parar a meta ao menor custo possível em termos de atividade”.

Dessa forma, de acordo com a ata, a avaliação do colegiado é de que a condução da política monetária é fundamental para essa reancoragem. A ata mostrou que o comitê “continuará tomando decisões que salvaguardem a credibilidade e reflitam o papel fundamental das expectativas na dinâmica de inflação”.

Assimetria altista

Na ata, o Copom ratificou a assimetria altista no seu balanço de riscos para a inflação. Repetindo informações constantes do comunicado da reunião da semana passada, que subiu os juros de 10,5% para 10,75% ao ano, o Copom cita três riscos altistas para a inflação e dois baixistas.

Do lado altista, cita uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

Do lado baixista, menciona uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

*Com informações do Valor Econômico

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