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Para marcar uma volta ao trabalho em ritmo intenso após as eleições municipais, a Câmara dos Deputados deve votar nesta terça-feira o Projeto de Lei Complementar (PLP) 108, que se refere à reforma tributária.

Ele regula o Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

É um dos dois projetos que detalham a reforma tributária aprovada no ano passado.

O outro, que trata do funcionamento dos novos tributos, está em análise no Senado Federal.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tinha indicado que só votaria o projeto do comitê-gestor após o Senado concluir a primeira etapa da reforma.

Mas mudou de ideia para dar um “reinício mais forte” para os trabalhos após o segundo turno das eleições municipais.

7 emendas da reforma tributária serão analisadas

O texto principal do projeto já foi aprovado em agosto, por 303 votos a 142, mas falta a análise de sete emendas propostas pelos partidos para serem decididas no voto.

Como a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas e uma nova taxação sobre distribuição desproporcional de dividendos.

Outro ponto que vem gerando discussão nos foros especializados é o duplo tratamento dos contenciosos envolvendo os novos tributos criados na reforma.

O IBS, que pertence a Estados e municípios, terá as disputas administrativas tratadas no Comitê Gestor.

Questionamentos envolvendo a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de responsabilidade federal, serão tratadas no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Imposto sobre Grandes Fortunas

Num momento em que o Ministério da Fazenda estuda a tributação dos super ricos com o Imposto de Renda, um dos destaques apresentados ao PLP 108 tenta criar o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF).

Esse tributo está previsto na Constituição e sua regulamentação, até hoje não concretizada, é antiga bandeira da esquerda brasileira.

Dessa vez, a proposta foi apresentada pelos deputados Ivan Valente e Erika Hilton, ambos do Psol paulista.

A proposta causou alguma agitação nos grupos de debate de tributaristas nesta segunda-feira.

Pretende taxar em 0,5% ao ano os patrimônios de R$ 10 milhões a R$ 40 milhões, em 1% aqueles entre R$ 40 milhões e R$ 80 milhões e em 1,5% as riquezas maiores do que R$ 80 milhões.

“Chamar de grande fortuna um patrimônio acima de R$ 10 milhões é um exagero”, comentou Rubens Lopes, sócio de Tributação sobre o Consumo da WFaria Advogados e fundador do Grupo de Estudos da Reforma Tributária (Gert).

As chances de o Imposto sobre Grandes Fortunas ser aprovado são pequenas, pois a proposta já foi rejeitada no grupo de trabalho que discutiu o PLP 108 e pelo relator da proposta. Assim, o Psol apresentou um destaque para que a proposta seja analisada pelo plenário da Câmara.

Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) tem se posicionado contrariamente a propostas que tragam aumento de carga tributária.

Há, assim, polêmica também em torno das alterações promovidas pelo PLP no Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD).

A proposta tira a liberdade dos Estados em decidir sobre o ITBI, comentou Lopes. Em contrapartida, foi permitido que avançassem em outras bases tributárias.

Assim, está proposta a cobrança do ITCMD sobre distribuição desproporcional de dividendos.

“É uma questão controversa, porque é praticamente um tributo novo”, disse o tributarista.

Com informações do Valor Econômico

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