O Banco Central tenta caminhar no sentido de aumentar transparência, mas não a ponto de gerar ruídos, disse hoje Roberto Campos Neto, presidente da autoridade monetária.
“A gente tentou caminhar sempre no sentido de aumentar a transparência, mas sempre tem um debate em algum momento de que tem um limite, um ponto de inflexão em que, se aumenta a transparência rápido demais sobre muitos itens ao mesmo tempo, gera ruído”, afirmou durante entrevista coletiva para comentar o Relatório de Inflação Trimestral (RTI), divulgado nesta quinta-feira.
“Quero aumentar a transparência, mas preciso fazer com uma condição que é não gerar mais ruído”, disse.
Ele observou ser esse o motivo de, às vezes, o BC esperar algum dado ou estudo estar mais maduro para publicar. “A pergunta é: por que não publica tudo de forma transparente de uma vez só? O histórico mostra que isso pode gerar ruído”, afirmou.
Produtividade
Campos Neto comentou também sobre produtividade no Brasil e que o BC discute, por exemplo, o que significam mudanças trazidas no pós-pandemia.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) diz que “não há evidência de aumento significativo de produtividade”.
Segundo o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, a ideia, ao abordar o tema, é pensar se houve aumento de produtividade que justificasse o crescimento de salário real observada.
“É importante entender a produtividade nesse contexto de ter aumento do salário real, de crescimento da economia, do PIB potencial”, complementou Campos Neto.
Em outro momento, o presidente do BC chegou a mencionar que o PIB potencial do Brasil deve ser “alguma coisa entre 2% e 2,5%”. Ele observou que alguns agentes têm revisado para cima, mas que não deve haver muita divergência em relação a isso.
“Uma coisa é clara, a produtividade da agricultura subiu no Brasil e tem subido”, afirmou Campos Neto. “Parece que alguns serviços têm mais tecnologia do que tinham antes da pandemia e também têm alguma produtividade”, acrescentou.
De forma geral, no entanto, o que se vê é “serviços melhorando e o resto negativo”, disse Campos Neto.
Bandeiras tarifárias
Campos Neto afirmou também que o comitê discutiu bastante a questão das bandeiras tarifárias de energia. Segundo Guillen, a bandeira é neutra para o horizonte relevante da política monetária.
“A bandeira não me preocupa como problema de comunicação”, afirmou Guillen. “Não sei se a gente colocou todo o caminho de bandeira, mas, se surgiu essa discussão, a gente pode ser bem transparente com relação a bandeiras.”
Ele considera “bom” a bandeira ser neutra no horizonte relevante “para não levar a discussão de inflação cheia em função da bandeira, que tem incerteza muito grande”.
*Com informações do Valor Econômico