Um salto da inadimplência ofuscou o brilho dos resultados do Nubank (ROXO34) no segundo trimestre, fazendo as ações caírem nesta quarta-feira.

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Por volta de 13h30 (horário de Brasília), o recibo de ações (BDR) do banco digital negociado na B3 recuava cerca de 2%, a R$ 12,01, na contramão do mercado.

O Nubank anunciou na noite de terça-feira que teve lucro líquido de US$ 487,3 milhões de abril a junho, um salto de 134% ante mesma etapa de 2023.

Além disso, a fintech fechou junho com 104,5 milhões de clientes, seis milhões a mais do que em março.

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE), que mede como um banco remunera o capital dos acionistas, atingiu 28%, o maior do setor no país.

Ademais, as receitas por cliente e a carteira de crédito seguiram crescendo.

Contudo, o índice de inadimplência acima de 90 dias, um indicador que mostra como um banco está conseguindo receber de volta o dinheiro que emprestou, subiu forte.

A métrica atingiu 7% da carteira, ante 6,3% no fim de março. Foi a décima alta consecutiva do índice, na base trimestre a trimestre desde o começo de 2022.

Além disso, o índice ficou bem acima dos níveis de concorrentes como Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3).

Isso porque o Nubank é concentrados nas linhas de cartão de crédito e empréstimo pessoal, linhas nas quais a inadimplência é mais alta.

Balanço do Nubank divide analistas

Em teleconferência com analistas, executivos do Nubank avaliaram que a alta da inadimplência foi pontual.

O banco inclusive reduziu a provisão para perdas esperadas com calotes, numa indicação de que espera melhora adiante.

Segundo Bank of America, isso permitiu que o Nubank superasse as estimativas.

“No entanto, isso foi uma melhora de baixa qualidade, uma vez que foi impulsionada principalmente por provisões menores, apesar de a inadimplência se deteriorou no ritmo mais rápido em quatro anos”, afirmou o analista do Bofa Mario Perry.

A XP foi na mesma direção, apontando o que considera uma contradição, já que as provisões para calotes caíram, enquanto o índice de atrasos aumentou.

“Vemos as mensagens da administração em relação à qualidade dos ativos não endereçando adequadamente nossas preocupações”, escreveram Bernardo Guttmann e equipe da XP.

Ainda assim, a XP considerou que o Nubank teve mais um trimestre de sólido crescimento.

Em contrapartida, o Goldman Sachs afirmou que segue “construtivo” em relação ao mix de crescimento e rentabilidade do Nubank nos próximos trimestres.

O controle da qualidade dos ativos do Nubank vem sendo um tema crescente entre analistas, apesar do crescimento contínuo do lucro.

Alguns deles, inclusive, se posicionaram de forma mais cautelosa em relação à ação nos últimos meses.

Segundo WSJ Markets, há três meses 11 de 18 analistas que cobriam o papel tinham recomendação de compra, com 5 sugerindo manutenção, e outros dois, venda.

Agora, são 20 analistas na cobertura. Destes, 10 seguem com recomendação compradora ou equivalente.

Enquanto isso, o número de recomendações de ‘manter’ subiu para 8, e os de ‘venda’ seguiu em 2.

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