A WeWork, que corria o risco de ser despejada de um de seus principais prédios de escritórios compartilhados na cidade de São Paulo, ganhou uma semana de fôlego para tentar fechar um acordo de pagamento com os proprietários. Entre eles, o fundo imobiliário Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11).
A companhia deve quatro meses de aluguel do prédio da Rua Girassol, 555, onde subloca espaço para empresas unicórnios como QuintoAndar e Rappi.
No entanto, após ação impetrada pela gestora Rio Bravo, dona do fundo, a Justiça determinou que a empresa tinha até dia 24 de setembro para ou quitar os débitos ou desocupar o espaço.
Agora, em fato relevante publicado pela Rio Bravo, gestora que tem entre seus sócios o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, o RCRB11 pediu suspensão dos processos até o dia 1º de outubro.
Segundo o documento, a suspensão é necessária “a fim de que os termos comerciais da transação em negociação entre as parte possam ser definitivamente acordado”.
A reportagem apurou que a WeWork procurou a Rio Bravo e solicitou o parcelamento de parte dos débitos, além de descontos para o restante do contrato.
O modelo seria similar ao acordo anterior com o Santander Renda de Aluguéis (SARE11), da Santander Asset, com quem também estava inadimplente.
O fundo Imobiliário da Rio Bravo, que detém 34,81% do imóvel, procurou os coproprietários e, assim, tenta costurar uma opção que acomode tanto o interesse dos cotistas quanto da WeWork.
Entenda a história
Em agosto, a gestora Rio Bravo entrou com ação na Justiça pedindo a quitação dos débitos ou a desocupação do espaço por parte do inquilino. Em setembro, a Justiça concedeu liminar de despejo contra a WeWork.
A liminar determinava o prazo de 15 dias para a empresa deixar o local ou pagar os débitos ao RCRB11. Mas o período expirou no último dia 24 e, agora, foi estendido até 1º de outubro.
Sem WeWork, RCRB11 vai encontrar novo inquilino?
O prédio tem neste momento 80% de suas posições ocupadas. São sublocadas principalmente para empresas de tecnologia e de inovação. Entre elas, QuintoAndar, Wise e Rappi.
Então, o Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11), que é dono de 34,81% do imóvel, diz que não teria dificuldades em encontrar um novo locatário.
Mas o mercado tem lá suas dúvidas.
Larissa Nappo, especialista em fundos imobiliários do Itaú BBA, diz que é tarefa difícil locar esse percentual rapidamente. “Não sei se os inquilinos teriam interesse em ficar sem estar no modelo de coworking”, destaca.
Aluguéis atrasados
Na ação protocolada na Justiça, os gestores do fundo imobiliário Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11) apontam que a WeWork está inadimplente dos aluguéis com vencimento em 15 de junho, 15 de julho e 15 de agosto de 2024.
Segundo apurou a reportagem, a WeWork também não quitou o aluguel de 15 de setembro.
Segundo o último relatório gerencial do RCBR11, a posição do prédio da WeWork dentro do fundo é hoje de 8,5%. Mas a maior posição do fundo, com 33,7%, é do prédio JK Financial Center, ocupado por empresas como AmBev, BNDES , Roland Berger, Arteris e Lifetime.
Além do RCRB11 e WeWork
Além do Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11), neste momento o WeWork deve a outros três fundos. São eles o Vinci Offices (VINO11), o Torre Norte (TRNT11) e o Valora Renda Imobiliária (VGRI11).
Na última sexta-feira (20), a WeWork fechou acordo com um dos fundos com quem estava inadimplente e também ameaçava um processo judicial, o Santander Renda de Aluguéis (SARE11), da Santander Asset.
Em fato relevante, o SARE11 informou que a WeWork quitou 50% dos valores até então em aberto. Isso, incluindo o aluguel de agosto de 2024, com os devidos juros cobrados.
“O saldo restante será pago nos próximos meses, seguindo assim o cronograma estipulado entre as partes”, afirma o documento.
“Quanto aos aluguéis futuros”, destaca ainda o fato relevante, “esses foram renegociados e seguirão o fluxo do contrato de locação normalmente, sendo o primeiro vencimento ao final de outubro de 2024”.
Problemas em série
Então, se hoje a WeWork empilha problemas, há pouco a empresa era tida como a principal tomadora de imóveis em Nova York. Chegou a ser avaliada em US$ 47 bilhões.
De lá para cá, no entanto, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos (chapter 11) e obteve a aprovação para a reorganização em maio deste ano.