Em encontro com analistas do mercado financeiro de alguns dos mais importantes bancos de investimento da Faria Lima, o novo CEO da Vale (VALE3), Gustavo Pimenta, esbanjou a mensagem de que a mineradora deve renovar seu relacionamento com o governo federal e acelerar o futuro.
A mensagem, notam os analistas da BB Investimentos, foi a mais repetida por Pimenta durante o encontro, que envolveu agentes de BTG Pactual, Goldman Sachs, Itaú BBA e Santander, entre outros.
Na visão do novo CEO, a Vale tem espaço para avançar na produtividade de ferro e cobre e sobretudo manter a política de dividendos.
O futuro da Vale (VALE3) segundo seu novo CEO
Após suceder Eduardo Bartolomeo na cadeira de CEO da Vale em meio a um ruído de que havia atritos com o governo, Gustavo Pimenta vê a mineradora mais competitiva em ferro, custos e metais base, como cobre.
Isso tudo ressaltou o novo CEO em encontro com analistas depois da Vale (VALE3) concluir o acordo de indenizações pelo rompimento da barragem em Mariana (MG) em 2017.
Essa é afinal uma das principais missões de Pimenta no comando da segunda empresa mais valiosa do Brasil, atrás apenas da Petrobras.
A principal expressão usada pelo CEO na mesa redonda com analistas da Faria Lima foi “acelerar o futuro” da Vale.
De acordo com a analista Mary Silva, da BB Investimentos, isso significa que a mineradora tende a manter estratégias de longo prazo, como atravessar a transição energética.
Ao mesmo tempo mostra que “seu papel será abrir caminho para que os objetivos sejam alcançados antes do previsto”, destaca a analista.
Dessa maneira, outra mensagem de Pimenta repassada durante o encontro é de que ele quer ter o legado de aproximar a Vale da sociedade brasileira.
Assim, o BB Investimentos destaca que isso deve gerar valor a acionistas e stakeholders na ponta. O que inclui o governo.
Já o BTG Pactual sentiu um senso de urgência vindo de Pimenta.
“Embora a mensagem permaneça consistente com as comunicações recentes, sentimos um maior sentido de urgência à luz das condições desafiadoras do mercado”, disse o time de analistas do BTG.
A urgência de Gustavo Pimenta
O BTG elogiou a urgência da Vale (VALE3) em duas frentes: melhorar o desempenho operacional e mitigar riscos.
O plano do CEO inclui elevar a produção de minério de ferro para uma faixa de 340 milhões a 360 milhões de toneladas até 2026. Da mesma forma, Pimenta quer que o custo de caixa (C1) de transporte do minério ao porto amargado pela Vale diminua para US$ 20 por tonelada.
O guidance da empresa para este ano é C1 de US$ 21,5 a US$ 23/t.
Então, a Vale também se preocupa com os preços de exportação à China. O país asiático é, afinal, o principal cliente da mineradora, mesmo em meio a um cenário de alta do frete marítimo no mundo. Conforme a fala de Pimenta a analistas, o custo de transporte ideal para a mineradora beira US$ 50/t.
Já o Santander nota, em relatório, que a Vale pode ser favorecida até 2030 por uma demanda ainda maior de países no Oriente Médio pelo minério de ferro. Além disso, deve haver queda de produção mundial de 400 milhões de toneladas em seis anos.
“É claro para nós que a empresa está em boas mãos sob o comando de Gustavo Pimenta, de quem esperamos preparar a empresa para as difíceis condições de mercado que se avizinham.”
BTG Pactual em relatório
Vale (VALE3) vai focar em dividendos e recompra de ações
Pimenta ressaltou que deve melhorar o relacionamento institucional da Vale com o governo.
Assim, pretende concluir as negociações com a Samarco, envolvendo a BHP, para indenizações sobre a queda da barragem de Mariana.
Além disso, a Vale tem pendente uma renovação de concessões ferroviárias. Isso com o ministério dos Transportes, algo que o novo CEO da Vale pretende destravar em seu mandato.
Dessa maneira, a impressão dos analistas do Goldman Sachs é de que “a diretoria espera a conclusão de um acordo com o governo no curto prazo”.
“Isso deve remover uma saliência relevante da tese de investimento da Vale (VALE3)”, diz o banco americano.
Então, a XP Investimentos e o Santander reforçam que uma das principais mensagens do novo CEO da Vale (VALE3) foi a de não inovar nos proventos. A política de dividendos da Vale deve continuar a mesma, e a companhia deve seguir focada nos proventos e em programas de recompra de ações.
“A empresa reiterou que não deve exceder seu nível máximo de dívida líquida expandida em US$ 20 bilhões”, destaca a XP.