Pronto para puxar o gatilho e subir a taxa Selic. Essa é a avaliação do Itaú Unibanco após a divulgação da ata do Copom nesta terça-feira (6).
“A ata do Copom transmitiu a mensagem que o comunicado não entregou. Ficou claro que todo o comitê, não apenas alguns membros, está pronto para aumentar a taxa Selic caso as tendências recentes nas expectativas de inflação e na dinâmica da taxa de câmbio persistam”, aponta o Itaú em relatório.
Para o banco, o comitê observa a clara deterioração das perspectivas de inflação, capturada por suas projeções e por um balanço de riscos. Que, segundo vários membros do Copom, anota a instituição, está assimétrico para cima.
“Em suma, a ata mostra um comitê que está pronto para subir juros caso a moeda permaneça onde está”, reitera o Itaú.
Porém, o banco acredita que o real se fortalecerá nas próximas semanas. Isso à medida que os mercados globais se acalmarem.
“(Então) mantemos, por enquanto, a previsão de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano. Se o câmbio não reagir, um ciclo de alta, começando em setembro, será inevitável.”
‘Porta aberta’
Ata mais hawk indica que Copom está pronto para agir, se necessário, indica o Bradesco.
“Na nossa opinião, o tom foi significativamente mais duro do que o comunicado pós-reunião. Afirma que o comitê ‘não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta’ no horizonte relevante.”
Dessa forma, o banco destaca em relatório que a visão unânime no Copom foi de que o cenário está mais desafiador. Ou seja, marcado por previsões de inflação mais elevadas e também por maiores riscos ascendentes. O que exige um “monitoramento diligente dos condicionantes da inflação”.
Assim, sobre os próximos passos, o Bradesco sinaliza que o comitê avaliará se a estratégia de manter a Selic nos níveis atuais por um período suficientemente longo é suficiente para levar a inflação à meta.
“Não acreditamos que será necessário iniciar outro ciclo de alta e projetamos Selic em 10,5% no final do ano. Porém, como o cenário está mudando rapidamente, o Copom deixou essa porta aberta.”
‘Deterioração adicional’
Ao avaliar se a Selic vai subir ou não nas próximas reuniões, o JPMorgan lembra dos eventos registrados entre o intervalo entre a decisão em si e a divulgação da ata do Copom hoje. Especialmente os dados mais fracos do mercado de trabalho nos Estados Unidos e a volatilidade global com os temores de um recessão americana.
Por isso, com fatos novos no cenário, o banco se atenta nas sinalizações do documento que ajudam a esclarecer a estratégia do comitê daqui para frente.
Assim, para o JPMorgan, a principal mensagem da ata é vigilância e cautela. Ou seja, mais agressiva na leitura de hoje do que do comunicado.
“Uma das principais razões para isso é que todos os membros do comitê reconhecem que há mais riscos de alta para as previsões de inflação do Banco Central do que de baixa.”
Mesmo assim, o banco americano mantém a aposta de que os juros no Brasil ficarão estacionados em 10,50%.
“Na nossa interpretação, uma subida (da Selic) exigiria uma deterioração adicional das perspectivas de inflação (expectativas e preços de mercado) para o horizonte da política monetária. Um nível elevado na ausência de novos choques.”
“(Bem como) Algo que será mais difícil caso a nossa previsão de um corte de 0,50 na taxa de juros Estados Unidos (em setembro) se materialize.”