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Se o T-Note de 10 anos, o título de dívida americana mais líquido, fechou a semana com retorno de 4,07% ao ano, a opção similar, só que dentro de uma blockchain, promete até 9,6%. E isso, numa cripto pareada com o dólar, na proporção de um para um.

Essa loucura existe, vem sendo oferecida pelas principais exchanges internacionais e tem a fórmula de rentabilidade mantida sob sigilo pelas tesourarias.

Gigantes como Binance e Bybit, respectivamente a primeira e a segunda exchange em volume de trade do mundo, oferecem essa espécie de ‘renda fixa’ turbinada em dólar para os seus clientes.

Investimento em cripto

Com o nome de Earn, esse produto não é restrito ao USDT, a moeda emitida pela empresa Tether, que hoje opera na casa dos US$ 190 bilhões por dia.

Outras stablecoins – como se chamam as criptos pareadas às moedas fiduciárias – também fazem isso. O dinheiro que paga o retorno vem basicamente de operações paralelas, como mercado futuro de cripto. Ou até mesmo investimento em títulos de renda fixa americana, modelo do lucro da própria Tether. E também de sua principal concorrente, a Circle, que emite a USDC.

Mas uma parte dos retornos, principalmente em ações que superam em muito o T-Note, são da queima de caixa pelos departamentos de marketing, como CAC (Custo de Aquisição de Clientes).

Até 9,6%

“Hoje, na Bybit, quem deixa até 500 USDTs (equivalente a US$ 500) parado em sua linha de Earn, recebe 9,6% ao ano. Acima desse valor, o retorno sobe para 4,25% ao ano”, afirma Guilherme Prado, diretor comercial da Bybit para Brasil e Portugal. “Mas esse retorno muda de tempos em tempos, ele não é fixo”, conta.

Na Binance, por sua vez, o retorno para o USDT acontece dentro de uma banda de rentabilidade, entre 4% a 5,93%. Segunda a empresa, além do retorno, “o usuário ainda pode ganhar recompensas ao depositar os ativos digitais por períodos flexíveis ou bloqueados”,

A americana Coinbase, a única dentre as grandes estrangeiras com capital aberto nos Estados Unidos, retirou temporariamente sua linha similar do ar. À reportagem da Inteligência Financeira, a empresa comunicou que está neste momento revendo seu portfólio de stablecoins.

Produto de cripto não é renda fixa

Seja como for, como disse Prado, os produtos não podem ser considerados renda fixa. Vira e mexe as corretoras interferem nessa banda de rentabilidade. E, além disso, por estar num ambiente cripto, os ativos estão sujeitos aos riscos.

No caso de uma stablecoin, tem o risco de insolvência da empresa, como lembra Rony Szuster, especialista em criptomoedas do Mercado Bitcoin. “Tem também o risco da blockchain, que pode ser hackeada“, afirma.

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